quarta-feira, outubro 27

O episódio da camisinha

Meu aniversário foi muito legal, diga-se de passagem. Recebi muitos e-mails, telefonemas, mensagens, transmissões de pensamentos, etc. É bom ser lembrada por pessoas queridas.

Comemorei com o pessoal do meu serviço na Bráz Pizzaria. Meu mocinho chegou de mala e cuia porque na manhã seguinte ele viajaria para BH a trabalho. Como eu moro perto do aeroporto, ele dormiria em casa e eu o levaria bem cedinho pra lá.

E a noite correu tranqüila.

Chegamos tarde em casa. Meu mocinho abriu a mala para arrumar algo, eu já estava me preparando pra dormir. Foi quando eu vi, no cantinho da mala, um pacote de camisinhas.

- Pra que você tá levando isso? – E não era apenas uma camisinha, era a embalagem com a fileira inteira.
- Sei lá, coloquei sem querer. Fui colocando as coisas na mala e acabou indo junto. Pode deixar aqui na sua casa.

Coloquei-as no mesmo lugar de onde peguei. Não falei mais nada, mas também não fechei a cara. Na verdade, na hora nem me importei mesmo. Acreditei nele. Deitamos e eu ainda agradeci a ele por tudo – pela presença, pelos presentes, pelo carinho. E sussurramos palavras de amor.

Acordamos bem cedinho e eu o levei pro aeroporto, ainda de pijama. No caminho ele pegou na minha mão, disse o quanto me amava. Ele sempre é assim, muito carinhoso e declarado. Hoje não foi diferente.

Com o passar do dia fiquei pensando no episódio da camisinha. E conversei com um amigo a respeito, pra ver se eu não estava ficando paranóica demais. Ele falou que era uma coisa estranha mesmo, que ninguém põe um pacote de camisinhas na mala sem querer, por mais desligado que seja.

E a mala era nova, logo não corria o risco das camisinhas já estarem lá, esquecidas de alguma outra viagem. E também não estavam junto de alguma nécessaire – ele nem tem nécessaire – estavam ali, separadinhas num canto da mala. Será que uma pessoa desligada faria isso?

Fiquei triste, muito triste mesmo. Independente de rolar alguma coisa ou não, o que me chateia não é a concretização da traição. O que me chateia é que alguma coisa aqui dentro de mim se quebrou. Confiança. E não se confia um pouco ou muito, não existe intensidade ou meio termo. É sim ou não.

E agora é não.

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