terça-feira, novembro 23

Tatu Bolinha

Ainda sobre o final de semana:

Na sexta eu estava sedenta por sexo. Meu tesão triplica na TPM, assim como minha instabilidade emocional. Um momento de prazer fugaz era tudo o que eu queria, era tudo o que eu precisava. Desejo de esquecer por um instante todos os meus problemas e frustrações e sentir apenas o prazer carnal, desejo de sentir-me derretendo por inteira.

Só que meu mocinho não está no pique e toda a minha ansiedade não me permite ver que ele está triste. Ou ele não se permite mostrar triste. O fato é que só consigo sentir a minha frustração – desta vez a frustração de não se sentir desejada.

Ele diz que o problema não está comigo, que o problema é dele. E diz um monte de blábláblá que entra por um ouvido e sai pelo outro. Tudo o que sinto no momento é vontade de sumir, desaparecer, morrer. Matar esta maldita frustração, esta e todas as outras que cercam a minha vida.

Aí eu me fecho como um tatu bolinha. E ele diz Vem cá, me abraça, preciso de você. E quanto mais ele me cutuca, mais eu fico bolinha. Fica do meu lado, por favor... Essas palavras me comovem, mas mesmo assim eu continuo bolinha.

E eu passo a noite bolinha, pensando como era óbvio isso. Ele convivendo tanto tempo comigo, é claro que logo perceberia que eu sou uma fracassada, que não sou o que demonstro ser. Que não sou tão bonita, inteligente e bem-sucedida como as mulheres com as quais ele convive diariamente.

No sábado de manhã acordamos fingindo que nada tinha acontecido. Mas nós dois sabíamos que era apenas fingimento. Ele ainda tentou conversar comigo, mas eu sou um tatu bolinha. Fechei. E quanto mais ele me perguntava, mais eu virava bolinha. Eu não conseguia encará-lo sem me sentir um lixo.

Aí ele me fala que a irmã dele é assim-assado, e eu respondo que não sou a irmã dele. Toda mulher é igual, diz ele em tom de brincadeira. Se for assim, vai ficar com a sua irmã. Vai embora, sai daqui!, berrei. E fui pro banheiro, batendo a porta de raiva. Odeio ser comparada a ela - talvez porque eu perca de longe.

E passei o dia choramingando na casa de uma amiga.

À noite ele foi a minha casa para conversarmos. Disse-me que estava muito triste na sexta, que há tempos não se sentia assim tão triste. Senti-me mal por só enxergar as minhas próprias frustrações. Pedi desculpas. Ele me abraçou e me beijou, perguntou o que acontecia comigo. Aí eu virei tatu bolinha novamente. Só queria fazer amor. E fizemos amor a noite inteira.

Nenhum comentário: